A tarde de Sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como sinal de salvação e de esperança.
Com a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de João comtemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado.
A Mãe estava ali, junto à Cruz. Não chegou de repente no Gólgota, desde que o discípulo amado a recordou em Caná, sem ter seguido passo a passo, com seu coração de Mãe no caminho de Jesus. E agora está ali como mãe e discípula que seguiu em tudo a sorte de seu Filho, sinal de contradição como Ele, totalmente ao seu lado. Mas solene e majestosa como uma Mãe, a mãe de todos, a nova Eva, a mãe dos filhos dispersos que ela reúne junto à cruz de seu Filho.
O soldado que traspassou o lado de Cristo no lado do coração, não se deu conta que cumpria uma profecia realizava um últmo, estupendo gesto litúrgico. Do coração de Cristo brota sangue e água. O sangue da redenção, a água da salvação. O sangue é sinal daquele maior amor, a vida entregue por nós, a água é sinal do Espírito, a própria vida de Jesus que agora, como em uma nova criação derrama sobre nós.
A Celebração
Hoje não se celebra a missa em todo o mundo. O altar é iluminado sem toalha, sem cruz, sem velas nem adornos. Recordamos a morte de Jesus. A impressionante celebração litúrgica da Sexta-feira começa com um rito de entrada diferente de outros dias: os ministros ordenados entram em silëncio, sem canto, e se prostram no chão frente ao altar, enquanto a comunidade se ajoelha. São a imagem da humanidade rebaixada e oprimida, e ao mesmo tempo penitente que implora perdão por seus pecados.
Vão vestidos de vermelho, a cor dos mártires: de Jesus, o primeiro testeunho do amor do Pai e de todos aqueles que, como ele, deram e continuam dando sua vida para proclamar a libertação que Deus nos oferece. Depois de um espaço de silêncio, reza a oração do dia.
Primeira Leitura (Is 52,13–53,12)
Espetacular realismo nesta profecia feita 800 anos antes de Cristo, que nos introduz a alma sofredora de Cristo, durante toda sua vida e agora na hora real de sua morte. Disponhamo-nos a vivê-la com Ele.
Salmo Responsorial (Sl 30, 2 e 6. 12–13. 15–16. 17 e 25.)
Neste Salmo, recitado por Jesus na cruz, entrecruzam-se a confiança, a dor, a solidão e a súplica: com o Homem das dores, façamos nossa oração.
Segunda Leitura (Hb 4,14–16; 5,7–9)
O Sacerdote é o que une Deus ao homem e os homens a Deus… Por isso Cristo é o perfeito Sacerdote: Deus e Homem. O Único e Sumo e Eterno Sacerdote. Do qual o Sacerdócio: o Papa, os Bispos, os sacerdotes e dos Diáconos unidos a Ele, são ministros, servidores, ajudantes…
Versículo antes o Evangelho (Fl 2, 8–9)
Cristo, por nós, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o sobreexaltou grandemente e o agraciou com o Nome que é acima de todo nome.
Evangelho (Jo 18,1–19,42)
São João, teólogo e cronista da paixão, nos leva a comtemplar o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é digno, solene, simbólico em sua narração: cada palavra, cada gesto.
Como sempre, a celebração da Palavra, depois da homilia conclui-se com uma Oração Universal, que hoje tem mais sentido do que nunca: precisamente porque comtemplamos a Cristo entregue na cruz como Redentor da humanidade, pedimos a Deus a salvação de todos, crentes e não crentes.
A Adoração da Cruz
Depois das palavras passamos a um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da Santa Cruz é apresentada solenemente a Cruz à comunidade, cantando três vezes a aclamação:
“Eis o lenho da Cruz, onde esteve pregada a salvação do mundo. Ó VINDE ADOREMOS!”, e todos ajoelhados uns instantes de cada vez, e então vamos, em procissão, venerar a Cruz pessoalmente, com uma genuflexão (ou inclinação profunda) e um beijo (ou tocando-a com a mão e fazendo o sinal da cruz ); enquanto cantamos louvores ao Cristo na Cruz.
A comunhão
Desde de 1955, quando Pio XII decidiu, na reforma que fez na Semana Santa, não somente o sacerdote — como até então — mas também os fiéis podem comungar com o Corpo de Cristo.
Ainda que hoje não haja propriamente Eucaristia, mas comungando do Pão consagrado na celebração de ontem, Quinta-feira Santa, expressamos nossa participação na morte salvadora de Cristo, recebendo seu “Corpo entregue por nós”.
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